RCC Tocantins
21/02/2019 - 20h18m

O dízimo cristão

Fonte: CNBB 

Por solicitação de irmãos nossos, hoje vamos falar sobre o dízimo ou outras formas de colaboração equivalentes, normalmente entendida como aquela contribuição financeira e periódica que o cristão oferece livremente para a comunidade, à qual pertence e da qual participa, com o objetivo de ajudar a fim de que possa acontecer tudo o que envolve a evangelização na comunidade, razão de ser da própria Igreja, pois ela existe para evangelizar (cf. EN 14).

O dízimo permite que a comunidade sobreviva, se mantenha, possa prestar seus serviços, consiga ajudar os necessitados, enfim, realize sua missão evangelizadora. Junto com a contribuição financeira, a comunidade precisa dos dons e talentos de cada membro, de seu envolvimento concreto e voluntário. Pensando assim, o dízimo é, antes de tudo, um compromisso de fé e de amor com a comunidade, em que assumimos nosso batismo como membros participantes e coerentes, onde vivemos o espírito da partilha e da doação, fundamentados no mandamento do amor, síntese de todo evangelho.

O dízimo é também um sinal concreto de amor e gratidão a Deus pelos dons que recebemos, sobretudo, pelo seu imenso amor que nos quer participantes de sua vida. Para ajudar-nos na reflexão, vejamos como escreve São Paulo aos Coríntios, ao motivar uma coleta em benefício dos cristãos de Jerusalém, em urgente necessidade: â??Ã? bom lembrar: â??Quem semeia pouco também colherá pouco, e quem semeia com largueza colherá também com larguezaâ??. Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois â??Deus ama quem dá com alegriaâ??.

Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para empregar em alguma boa obraâ? (2Cor 9, 6-8). Neste texto bíblico, como em outros, percebemos que o dízimo ou outras contribuições praticadas nas primeiras comunidades cristãs tornam-se expressão de um ato de fé, de gratidão, de amor a Deus e aos irmãos.

Pelo que vimos acima, o dízimo não pode ser confundido com pagamento de taxa de sócio, como se a Igreja fosse um clube ou uma sociedade, a qual existe apenas para prestar determinados serviços (sacramentos, enterrosâ?¦) e muito menos ainda como se fosse uma instância para comprar as bênçãos de Deus, seus favores e milagres. Portanto, o dízimo não é imposto, pagamento ou taxa. A graça de Deus não tem preço e não pode ser comprada. Assim compreendemos que o dízimo é uma devolução generosa, um sinal de gratidão e partilha consciente e responsável, dentro do espírito do verdadeiro sentido de nosso batismo, quando nos tornamos filhos de Deus e irmãos dos outros. A atitude filial e fraterna da fé abre os corações dos fiéis e tornam a partilha um gesto normal e coerente; enquanto que atitudes egoístas e avarentas fecham os corações e consideram a partilha como algo difícil e até desnecessário.

Segundo o verdadeiro espírito do dízimo cristão, todo batizado é convidado a ajudar em sua comunidade, proporcionalmente com sua situação de vida; a contribuição dos pobres, por menor que seja, é também muito valiosa e importante, pois ninguém é tão pobre que não tenha nada a repartir; o que lembra a oferta da viúva, elogiada por Jesus no evangelho (Mc 12, 41-44). E quem tem mais recursos ajude generosamente na proporção de suas possibilidades. O dízimo não é imposição, mas ato generoso, coerente com a vida cristã, orientado pelo mandamento do amor, que Jesus nos deixou.

(Dom Aloísio Alberto Dilli - Bispo de Santa Cruz do Sul)


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