RCC Tocantins
17/05/2007 - 13h53m

Igreja no Paraguai denuncia situação de corrupção e violência

 
ASSUNÇÃO (ZENIT.org).- A Igreja no Paraguai aproveitou os dias 14 e 15 de maio, datas comemorativas da independência nacional de 1811, para denunciar a corrupção e a violência que reinam no país e responsabilizar o Estado pela situação.

«Existe um recrudescimento da violência», sublinhou em 15 de maio Dom Celso Yegros, bispo de Carapeguá, na principal celebração religiosa por ocasião do aniversário da independência, na presença do presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, na Catedral Metropolitana de Assunção.

Por sua parte, a Sala de Imprensa da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) emitiu um duro comunicado sobre o mesmo assunto, titulado «Pela vida e pela paz», em 11 de maio passado, no qual também assinala o recrudescimento da violência em suas diferentes formas, mencionando seqüestros e outros crimes violentos e atos de corrupção.

Segundo o órgão episcopal, «a sociedade paraguaia vive na atualidade um recrudescimento da violência e da insegurança, traduzidas em assaltos, seqüestros, crimes violentos e atos de corrupção que evidenciam a persistência do grave deterioro do tecido social e moral da nação, denunciada pelos Bispos em diversos momentos da história de nosso país».

Frente a esta situação, a Sala de Imprensa da Conferência Episcopal Paraguaia «manifesta sua palavra de denúncia e de exortação a respeitar a vida das pessoas e a construir as condições para uma convivência pacífica».

A Sala de Imprensa dos bispos paraguaios se refere em primeiro lugar à corrupção que «aumenta a pobreza»: «Os atos de corrupção denunciados nos últimos tempos e que estão relacionados com gestões do Ministério de Educação como o programa da merenda escolar, assim como a distribuição de materiais de estudo; com o Ministério de Agricultura e o programa algodoeiro; com o Ministério de Saúde e a distribuição dos kits para o parto, entre outros, além de aprofundar a desconfiança para a gestão dos organismos públicos, indignam e ofendem a consciência cidadã, pois desviam recursos vitais para o presente e o futuro de milhares de crianças, das famílias camponesas mais pobres e da atenção adequada à saúde materna».

«Os fatos e as instituições mencionadas -- acrescenta o comunicado -- são só um exemplo de como a corrupção priva o país dos recursos necessários para melhorar as condições de vida de nossos compatriotas que, ante a falta de alternativas e o empobrecimento crescente, abandonam o campo e a pátria.»

«A corrupção é uma violência contra o país e contra seu povo, mais ainda se não se castiga os responsáveis e não se recupera o roubado», sublinha a Sala de Imprensa episcopal.

Acrescenta que «o ensinamento social da Igreja sustenta que, entre as causas que em maior medida concorrem a determinar o subdesenvolvimento e a pobreza dos países, encontra-se o analfabetismo, as dificuldades alimentares, a ausência de estruturas e de serviços, a carência de medidas que garantem a assistência básica no campo da saúde, a corrupção, a precariedade das instituições e da própria vida política. (Compêndio da DSI, 447)».

Em segundo lugar, o comunicado sublinha que «a convivência pacífica é fruto do respeito à vida e à dignidade das pessoas».

Neste sentido, denuncia «o aumento da violência criminal com os assaltos, seqüestros e assassinatos violentos, com fortes indícios que envolvem as próprias instituições de segurança do Estado».

«O Estado -- indica o comunicado -- tem a obrigação de proteger a vida e os bens dos cidadãos no marco do estrito respeito à dignidade das pessoas e às garantias que a Constituição e as leis conferem. Em nenhum caso se podem admitir situações que poderiam interpretar-se como uma possível extralimitação nas atribuições dos organismos públicos de segurança e de seus funcionários.»

«A violência gera mais violência -- acrescenta. É necessário construir a convivência pacífica ao amparo do Estado de Direito.»

«A fragilidade e ineficiência dos poderes públicos e dos organismos de segurança do Estado para proteger seus cidadãos -- indica o comunicado -- leva a Igreja a exortar as autoridades a adotar todas as medidas para garantir a vida das pessoas.»

Convida também a todas as instituições e organizações da sociedade civil, assim como os cidadãos e cidadãs, a «assumirem sua responsabilidade na luta contra a corrupção e contra a violência, seja qual for sua origem».

Finalmente, indica o comunicado, «a Igreja afirma que a paz é fruto da justiça. A paz está em perigo quando não se oferece às pessoas aquilo que lhes é devido por sua condição humana, quando não se respeita sua dignidade e quando a convivência não está orientada para o bem comum. (Compêndio da DSI, 494)».

«Para viver em uma sociedade pacífica e conseguir o desenvolvimento integral dos indivíduos e da nação, é essencial a defesa e a promoção dos direitos humanos e a posta em prática de uma educação cidadã que promova a responsabilidade social e um compromisso firme com a construção de uma sociedade mais justa», conclui a Sala de Imprensa da Conferência Episcopal.

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