RCC Tocantins
17/05/2007 - 13h50m

Bispos falam de suas expectativas para V Conferência

 
“Esperamos uma Igreja que dê respostas às provocações que apresenta o secularismo, o subjetivismo e o relativismo”. Essa é a expectativa do presidente da Conferência dos Bispos da Nicarágua, dom Leopoldo José Brenes, em relação à V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe que se realiza em Aparecida (SP), de 13 a 31 de maio. Para dom Leopoldo, é preciso pensar um novo perfil de sacerdote latino-americano, voltar-se para a leitura orante da Bíblia e intensificar a catequese “para obter a tão desejada missionariedade e ministerialidade da Igreja”. Todos os presidentes das Conferências Episcopais apresentaram, nas sessões da terça-feira, 15, a realidade de seus países e as expectativas em relação à Conferência de Aparecida.

El Salvador

O presidente da Conferência dos Bispos de El Salvador, dom Fernando Sáenz Lacalle, lembrou que a Igreja do seu país tem se voltado para as prioridades propostas por João Paulo II na Exortação Apostólica Novo Millennium Ineunte: a santidade, a oração, a eucaristia dominical e a escuta da Palavra de Deus. O bispo entende que é preciso “impulsionar processos de formação de agentes de pastoral em cada paróquia” e que a o trabalho pela justiça não pode ser feito sem amor. “Sem ignorar os grandes problemas e a miséria em que vivem tantos salvadorenhos, nossos irmãos, temos que oferecer um modelo de compromisso sem a luta de classes e inspirado na caridade”.

Chile

A Conferência Episcopal do Chile assinala que o sistema democrático, recuperado em todos os países latino-americanos, não cumpriu as expectativas de quem nele acreditou, “sendo a marginalização dos cidadãos das grandes decisões que afetam a sua vida e o futuro dos seus filhos fonte de decepção do sistema democrático imperante”.

“O episcopado chileno destaca o paradoxo da situação atual da Igreja: por uma parte, a Igreja ainda congrega a maioria do povo Latino-americano e do Caribe; por outra, experimenta ataques culturais que pretendem desterrar o substrato religioso e cristão da nossa cultura”, disse o presidente da Conferência dos Bispos do Chile, dom Gonzalo Duarte Garcia de Cortazar.
México

A expectativa dos bispos mexicanos, apresentada pelo bispo de Texcoco, México, dom Carlos Aguiar Retes, é de que o documento final seja breve e claro. Os bispos esperam que o tema central se atenha ao que já está contido nos documentos tanto do Vaticano quanto da Igreja Latino-americana. Para os mexicanos, é preciso considerar as raízes bíblicas e insistir no processo de iniciação cristã para crianças, adolescentes, jovens e adultos. A Conferência mexicana vê a necessidade de uma “transformação das estruturas eclesiásticas, para que sejam autenticamente missionárias”. Ao mesmo tempo, entendem que a consciência da dignidade da pessoa humana como “base para a participação social e democrática e para propiciar o desenvolvimento humano que faça possível a superação das grandes desigualdades e desequilíbrios existentes em nosso Continente”.

Colômbia

Dom Luis Augusto Castro Quiroga, da Colômbia, ao falar das expectativas da Conferência Episcopal de seu país, ressaltou a mudança cultural, social e missionária por que passa a sociedade. “Este novo paradigma (da mudança cultural) nos interpela, pede-nos outro tipo de respostas pastorais e, sobretudo, outro estilo de ser pastores”, disse o bispo. “Nosso desejo é que aqui em Aparecida possamos desenhar esse novo estilo de vida, de atitudes pastorais e de itinerários espirituais necessários hoje”. Para ele, faz-se necessária uma conversão de discípulo, pastoral e espiritual.

Em relação à mudança social, dom Quiroga afirma que é indispensável que reafirmar a opção pelos pobres e pela evangelização do mundo político e empresarial “para que nestes mundos penetre o sentido ético como solidariedade com o outro em necessidade”.

Bolívia

O cardeal Julio Terrazas Sandova, da Bolívia, fez uma análise da realidade político-social de seu país. Reconhece que o início do governo do atual presidente “causou gozo e esperança em uns, sofrimentos e desilusões em outros”. Ele condena o “despertar de um indigenismo, sobretudo, andino, desconhecedor da forte mestiçagem boliviana” e “posturas revanchistas” que levam a “confrontações”. Igualmente denuncia tanto a pobreza quanto a corrupção ainda presentes em seu país.

Além disso, o cardeal mostra preocupação com o “discurso de descolonizar a Bolívia”.”Neste ponto a Igreja na Bolívia não defende privilégios, a não ser o direito à liberdade religiosa para seguir anunciando o Evangelho da vida”.

Tendo presente essa realidade, dom Quiroga apresenta as expectativas para a Conferência. Em primeiro lugar, ele espera que se dê destaque à “urgência da formação de discípulos e missionários com identidade católica, em particular os laicos”. O arcebispo defendeu, ainda, uma atenção especial aos jovens, o reavivamento das Comunidades Eclesiais de Base, a formação e escassez dos presbíteros “que impede a participação na Celebração dominical da Eucaristia de tantos batizados”.

Finalmente, os bispos da Colômbia esperam que sejam indicados caminhos para a inculturação e para o aprofundamento das relações da Igreja Católica com outras Igrejas cristãs.

Fonte: CNBB

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