RCC Tocantins
27/06/2007 - 17h35m

As conseqüências psicológicas do aborto

 
Dr. Dernival da Silva Brandão é entrevistado pela Comunidades Canção Nova.

Ao apontar as conseqüências emocionais e físicas que um aborto causa na mulher que o pratica, o presidente da Sociedade Fluminense de Ginecologia e Obstetrícia e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Dernival da Silva Brandão, contesta a atitude do Governo em tentar colocar a questão do aborto como problema de saúde pública.

Direto de sua casa, por telefone, Dr. Brandão, lamenta o número de abortos que são praticados no país, mas alerta para o fato de que muitas das pesquisas apresentadas pela mídia são enganosas e que já foram desmascaradas.

O médico afirma que, muitas vezes, a mulher é uma grande vítima do próprio aborto que comete devido à grande pressão que a "mídia irresponsável" exerce sobre ela. Brandão cita ainda o Papa Bento XVI ao concordar sobre o relativismo em que o Brasil está inserido e aponta a mentalidade do "goze a vida" e a desagregação familiar como resultados da idéia de que cada um pode achar o que quiser.

cancaonova.com: Para a mulher, quais são os principais problemas psicológicos decorrentes do aborto?

Dr. Dernival: Há muitos problemas psicológicos, porque a mulher, por natureza, é mãe, e ao engravidar e abortar, as conseqüências vêm. De maneira imediata, há uma sensação de perda, como toda mulher que aborta mesmo que espontaneamente. A seguir, há uma sensação de culpa, de remorso, muitas vezes, por toda a vida, o que nós chamamos de síndrome pós-aborto. Esta é uma doença muito estudada no mundo inteiro e isso se traduz em atos, como por exemplo, de abuso de remédios tranqüilizantes, outras vezes, do uso de álcool ou drogas. Como dizem: "O leão devora a presa e dorme", mas o homem não. Quando ele mata, fica sempre velando, sempre pensando no que fez.

A pessoa humana quando erra, o erro inquieta a consciência dela. Isso também prejudica o relacionamento da mulher com o marido, os filhos, o pai, a mãe, com a família. Aquilo fica remoendo na consciência dela. A pessoa que aborta tem até mesmo dificuldade de comunicação, porque ela sabe que fez algo errado, algo grave para uma mulher e chega até à disfunção sexual. Ela começa a ter problemas com o próprio marido, porque aquilo traz na hora [da relação] a lembrança da gravidez.

cancaonova.com: Uma mulher que abortou numa primeira gestação vai ter dificuldades de relacionamento com um filho que ela possa ter no futuro?

Dr. Dernival: Sem dúvida. Na mulher, a síndrome pós-aborto é muito estudada. Sempre o filho é uma lembrança daquele que falta. Claro que com o tempo, se a mulher fizer dois, três abortos, já não inquietará mais a consciência, pois para a mulher que assassina um filho, a primeira vez é difícil, a segunda também o é, mas depois de um certo tempo, a consciência dela já não mais a inquietará tanto. Mas geralmente, para uma mulher normal, ela sente a falta do filho, e o outro com quem ela está convivendo, agora, lembra o primeiro.

cancaonova.com: Há conseqüências no físico também?

Dr. Dernival: Há danos físicos no corpo da mulher que são imediatos, como a hemorragia na hora do aborto, decorrida por causa da perfuração uterina e da infecção. Muitas vezes, esses problemas levam à retirada do útero, uma histerectomia. Há também o risco de uma lesão no intestino, ou seja, a colostomia. Mais tarde, também pode ocorrer uma peritonite (infecção no peritônio, uma membrana que envolve todos os órgãos abdominais, exceto o ovário, e é muito sensível), o que é algo grave, por isso precisa ser operado, drenado, pois pode levar à infecção geral do organismo e à morte.

Isso acontece porque se introduz um corpo estranho no útero, este é perfurado e atinge o peritônio. Claro que, muitas vezes, as razões da infecção não aparecem, porque quem fez o aborto as esconde, diz que é por outra causa. Em hospitais na Inglaterra, onde o aborto é legalizado, metade das mortes ocorre por abortos indicados legalmente.

Aborto não é algo que se faça sem ter conseqüências para o organismo. É a interrupção de um processo fisiológico. Essas informações não chegam até nós porque a imprensa e os órgãos públicos não as dizem, pois nossos mandatários, às vezes, estão comprometidos com isso. Por isso é que há hoje essa propaganda a favor do aborto.


cancaonova.com: Há relatos dramáticos sobre o procedimento abortivo. O nascituro sente dor ao ser abortado?

Dr. Dernival: Hoje, sabe-se que há uma reação. Um dos maiores propagadores do aborto, Dr. Bernard Nathanson, responsável por mais de 20 mil abortos em sua rede de hospitais abortários, viu no ultra-som da curetagem de um aborto provocado como a criança fugia da cureta. Então ele percebeu que a criança já tinha o sentido da dor desenvolvido, por isso já sente dor. Portanto, é o sistema neurológico que se desenvolve durante a gravidez.

Ele falava das mentiras que dizia quando fazia aborto, como se faz hoje no Brasil, onde se afirma que temos 1 milhão e 700 mil abortos. Isso é uma mentira já desmoralizada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) nunca fez nenhum levantamento sobre isso, nem a Organização Pan-Americana de Saúde nunca fez nada nesse sentido no país. Mas muitos usam o nome dessas organizações para dizer que o Brasil é campeão em abortos clandestinos, e que as mulheres colocam até agulha de tricô no útero [para abortar]. Quem faz ginecologia, sabe como é impossível uma mulher sozinha encontrar o útero e introduzir uma agulha. Eu trabalhei em Pronto-Socorro por muito tempo e nunca vi isso. Essas "estatísticas" têm o número elevado para comover o público, passando-se a falsa idéia de que: "Se morre tanta gente, então é melhor legalizar".


cancaonova.com: Alguma paciente sua – ao saber que estava grávida – demonstrou desejo de abortar? Como o senhor administrou a situação?

Dr. Dernival: Diretamente não, porque elas sabem da minha conduta. Tenho sempre mostrado-a desde a faculdade e no hospital no qual eu trabalhava. Mas eu sei de pacientes minhas que procuraram outros médicos. Há casos em que a pessoa insinua uma questão qualquer, como a do marido que não quer [a criança], mas eu chamo a atenção delas para a vida do filho inocente, indefeso, que nada fez contra ela. Sei que, muitas vezes, a situação delas é grave, mas na vida temos de fazer escolhas e o sofrimento faz parte do nosso viver.


cancaonova.com: O senhor acredita que as mulheres em geral conhecem os riscos de um aborto?

Dr. Dernival: Eu acredito que sim, mas a pressão é muito grande da mídia irresponsável que propaga essas coisas. Infelizmente, a mulher é uma grande vítima do próprio aborto que faz. A sociedade permissiva que fala em relativismo, que diz que ali não há vida, e há falsos cientistas que dizem que a vida não começa naquele momento em que a mulher deseja abortar. A ciência tem de ser bem conduzida, principalmente a ciência técnica, pois a biotecnologia hoje é causa de desastres.

A fertilização in vitro é a causa de muitas mortes. Não é só essa mídia irresponsável que espalha falsos valores, mas essa mentalidade de hoje do "goze a vida", da verdade relativista em que dizem que não existe o bem, pois o que é bom para você não o é para mim, a sua verdade não é a minha verdade. O próprio Bento XVI já denunciou a ditadura do relativismo, doutrina que afirma não existir a sua verdade nem a minha.

Se a verdade não existe, então vamos fechar as faculdades e cada um procurar a verdade no seu ramo. Assim, a desagregação familiar é enorme.

cancaonova.com: O presidente Lula disse que o aborto é uma questão de saúde pública. O senhor acredita que esta afirmação é uma tentativa de eliminar os aspectos morais da discussão?

Dr. Dernival: Ele sabe que isso é mentira, aquele Temporão [O atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão] mentiu. O nosso presidente, infelizmente, deveria não falar, já que é para dizer essas coisas. Infelizmente, ele foi eleito por nós, porque fomos nós, os eleitores, que o elegemos e agora vemos as conseqüências, pois tudo o que ele fizer, será conseqüência do nosso ato.

O fato é que hoje o aborto é encarado como uma necessidade, pois dizem que é uma questão de saúde pública, mas isso é mentira. Inclusive, os abortários são muito mais bem equipados do que os nossos hospitais públicos. Essa é uma realidade triste: eles ganham muito dinheiro, têm aparelhos bons, de última geração e não são fiscalizados por ninguém, pois a Saúde Pública deixa que façam isso. Eles matam porque, infelizmente, a procura é grande. Muitas vezes, os médicos que fazem essa prática não têm formação moral, nem técnico-científica, tanto que partem para isso a fim de ganhar dinheiro fácil. Eu fico muito revoltado com isso porque faço obstetrícia, luto tanto pela vida dos meus pacientes pequenininhos no ventre materno e vejo os outros os matando à toa. Isso é duro.


cancaonova.com: Por que não abortar?

Dr. Dernival: Primeiro, nos países onde se usa a pena de morte, esta prática passa por vários crivos. No Brasil, nós não temos pena de morte e o aborto é uma pena de morte, é matar um ser humano indefeso, ainda no início de sua vida, que é inocente e nada fez. Por que matar? Mesmo no estupro, quando a lei defende a possibilidade do aborto, a mãe não tem o direito de matar. Ela foi estuprada, mas compete a nós, à sociedade e ao Governo dar todo o apoio a esta mulher. Sei que é duro, mas é filho dela, gerado por ela, mesmo que involuntariamente, mas o é. Além de ser um ser humano inocente.

Caberia ao Estado dar apoio a esta moça e adotar a criança. Provocar a morte do bebê, porque ele é filho do estuprador, não justifica. Essa mãe precisa de todo apoio da família e da comunidade, porque amor é nessas horas que se prova. O Governo também precisa dar todo o apoio a ela durante a gravidez, no momento do parto e depois adotar a filho dela se for o caso. Mas eu tenho quase certeza de que nenhum seria adotado, a mãe ficaria com ele. Depois de gestado, de a criança mexer na barriga dela, vendo na ultra-sonografia como ele é, ela não o abandona, pois o amor de mãe é algo que ninguém explica.

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