RCC Tocantins
29/03/2009 - 00h00m

Para celebrar a Semana Santa

 

O QUE É CELEBRAR?

Celebrar é a gente procurar maneiras de fazer que uma pessoa ou um fato seja sempre lembrado pelo povo. Pessoa ou fato que tenha muita importância para o povo não pode cair no esquecimento. É o caso do mistério Pascal de Jesus Cristo. Sua vida, pregação, morte e ressurreição são de tal modo fatos importantes para a humanidade  que de forma alguma poderão ser esquecidos. A celebração desses fatos garante a sua memória não se desgaste nem desapareça.

DOMINGO DE RAMOS

A celebração deste domingo tem duas partes: os Ramos e a Paixão.
O "Domingo de Ramos" recorda a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. Ali se dará o confronto final por causa do projeto do Pai: Jesus o testemunha e o Sinédrio o recusa.
Também é "Domingo da Paixão", e recorda, na leitura da Paixão do Senhor, o que Jesus Cristo teve que padecer por conta de sua fidelidade ao Projeto do Pai em favor da humanidade.
Com a leitura da Paixão conforme o Evangelho de Marcos iniciamos a celebração da Semana Santa. A semana que inicia é santa, por causa do sofrimento que foi aceito pelo Filho de Deus. No entanto, o Pai não exigiu tamanha humilhação. Ao projeto do Pai, bastava Jesus Cristo ter-se comprometido com a Salvação. A cruz é uma exigência dos inimigos de Jesus. E, para Jesus, a cruz é oportunidade para testemunhar sua adesão total ao projeto do Pai, por amor à humanidade. O que causou todo esse sofrimento não foi propriamente a pessoa de Jesus, mas o projeto que ele pregava.
A maneira como os adversários mataram Jesus Cristo não foi exigência do Pai. Com a Ressurreição do Senhor, o mundo novo terá início. Este sim, pela vontade do Pai!

O TRÍDUO PASCAL

O que tem peso e valor na celebração do Tríduo Pascal é o fato de ele ser pascal! A Páscoa é uma realidade tamanha que envolve três grandes celebrações.
Nós celebramos para saborear, liturgicamente, o mistério da passagem de Jesus Cristo em nosso meio. É a Páscoa-passagem celebrada na dimensão do amor-serviço do Lava-pés; é a Páscoa-passagem sacrificada na dimensão dolorosa do sofrimento e morte na cruz; é a Páscoa-passagem gloriosa na dimensão da vitória da vida recuperada e repartida em abundância na Vigília Pascal.
O Tríduo Pascal começa com a Ceia do Senhor, na quinta-feira e termina com a Vigília Pascal no sábado (ou domingo pela madrugada). Portanto, na verdade são três celebrações em três dias para uma só Páscoa! Para eu celebrar a Páscoa, participarei da comunidade na Páscoa celebrada, sacrificada e gloriosa!

"FAÇAM O MESMO QUE EU FIZ"

A celebração de Quinta-Feira Santa (cf. Jo 13,1-17) lembra que, depois de Jesus ter lavado os pés dos apóstolos, o significado de prestar serviço mudou de ponta-cabeça. Serviço não é mais tarefa do empregado, mas do chefe, do líder, da autoridade, de quem tem o poder.
Por amor: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (cf. Jo 13,34). Para chegar ao ponto de amar como Jesus amou é preciso o amor pelos irmãos que nos leva a lavar os pés uns dos outros. Deve ser o amor igual ao de Jesus. Não pode ser semelhante, tem que ser igual. O mandamento do amor é exigente.
O serviço de lavar os pés é principalmente dos que têm algum posto sobre os demais. Por exemplo, os coordenadores de pastorais. No ensinamento de Jesus, lavar os pés é tarefa de quem está investido de autoridade sobre os demais! Jesus afirmou que ele não deixou de ser o Senhor e o Mestre nem antes nem depois de lavar os pés. Exatamente por ser o Mestre e o Senhor é que ele assumiu a tarefa de lavar os pés. O que Jesus quer com isso é mudar completamente o uso do poder e da autoridade: em vez de ser servido, servir (cf. Mt 20,24-28; Mc 10,45; Lc 22,27; Gl 5,13)! Ele deu o exemplo para que seus seguidores prestem o mesmo serviço aos irmãos.
Porém, Jesus não se refere apenas ao impacto causado por aquele gesto formal de lavar os pés. No significado do gesto de servir, Jesus inclui tudo o que ele havia feito pelo povo e o ato extremo de dar vida por amor (cf. Jo 15,13). Ele estava acostumado a ser servido pelos anjos, mas não quis isso dos homens. Porque o programa da vida dele o fez prestador de serviço, a ponto de declarar que não veio para ser servido, mas para servir. Ele testou a proposta do serviço em sua própria vida. A experiência resultou válida para se tornar a regra de vida dos seus seguidores.
Às vésperas da prisão e morte, Jesus surpreendeu os apóstolos com o símbolo forte que condensa a mensagem fundamental de sua pregação. Primeiro, é significativo o fato de ele ter-se revestido com o avental do servo em serviço. Jesus tornou-se o servo a serviço da grande causa da salvação da humanidade. Depois, para lavar os pés, é necessário curvar-se em atitude de quem reverencia no outro o próprio Senhor.
Finalmente, o Lava-pés é escolhido por Jesus como o símbolo mais expressivo de seu serviço pela entrega da vida em favor da vida nova para o povo de Deus. Serviço que ele prestaria à humanidade no dia seguinte ao Lava-pés.
Seguidor de Cristo é quem se faz o servidor dos irmãos.

A CRUZ É O PECADO CONTRA O POVO

A Sexta-feira Santa comemora a dimensão da Páscoa dolorosa. Convenceram o povo de que ele, povo, causou todo esse sofrimento pelos pecados cometidos... pelo povo.
Na verdade, a cruz carrega o grande pecado contra o povo. Na cruz, estão as injustiças contra os pequenos do povo e a exclusão dos pobres e fracos: os povos indígenas; o povo negro; crianças morrendo de fome e de doenças que não precisariam existir. O pecado não é do povo, é dos responsáveis por tanto sofrimento.
Não explicaram ao povo que, que o sacrifício de Jesus Cristo é uma dimensão da Páscoa! Todo sofrimento vai se tornar vida nova e abundante pela Ressurreição!
O povo comparece em massa na sexta-feira santa, porque experimenta a morte de mil maneiras. Mas é insuficiente ainda a sua experiência de Páscoa, isto é, a passagem da situação de morte para a situação de vida digna!

CONHEÇA O SINÉDRIO DE JERUSALÉM

Nos relatos da paixão e morte de Jesus Cristo, aparece com muito destaque o Sinédrio. O Sinédrio era a mais alta corte judaica que julgava os criminosos, mas não tinha o poder de condenar à morte. Este poder os dominadores romanos reservavam só para a sua corte.
O Sinédrio compunha-se de classes e grupos sociais da época. Os grupos mais representativos eram três: os anciãos, os fariseus e os sacerdotes do templo. Conhecendo o que cada grupo defendia em seu proveito, compreenderemos as razões da rejeição deles a Jesus Cristo.
Os anciãos representavam o poder econômico, porque eram os donos das terras, os latifundiários da época. A riqueza não estava na indústria ou no comércio, porque não havia. A pregação de Jesus os atingia frontalmente.
Os fariseus eram os homens da lei. Porém, usavam a lei para manter o povo sob o jugo deles. Interpretavam a lei sempre contra o povo e a favor dos privilegiados. Os fariseus mantinham o poder judiciário. A pregação de Jesus caminhava justamente em direção oposta.
Os sacerdotes do templo de Jerusalém mantinham o poder religioso. Usavam a religião ligada aos interesses dos poderosos. Os sacerdotes apresentavam-se como representantes de Deus, mas a serviço dos poderosos. Tornaram-se cúmplices da opressão sobre o povo em troca de benefícios e de regalias. Ora, a religião de Jesus era profundamente libertadora que pregava a igualdade de todos como irmãos.
Esse Sinédrio condenou Jesus à morte vergonhosa da cruz. Por não ter o poder de matar, acusou Jesus perante o governador romano Pôncio Pilatos de promover rebelião do povo contra César, o imperador romano.
O Sinédrio eliminou Jesus por ameaçar seus privilégios, porque pregava em favor da libertação do povo oprimido.
Livremente, Jesus aceitou pagar o preço estipulado pelos inimigos do projeto do Pai. Na verdade, este preço era o resgate da humanidade para a vida nova da Ressurreição.
Percebe-se por aí que não foi o povo judeu que causou a morte de Jesus, mas os que detinham o poder sobre o povo. O povo como tal é mais vítima do que responsável.
 Mostra a História que a Ressurreição deu razão a Cristo!

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

A Vigília Pascal celebra a Ressurreição do Senhor. É Páscoa! Alegremo-nos e exultemos, porque o Senhor ressuscitou e está no nosso meio! O mistério da Páscoa é a passagem de Jesus Cristo, Filho de Deus, em nosso meio. Ele chegou à sua dimensão gloriosa pela vitória da vida sobre a morte! Jesus Cristo venceu a morte e a sociedade injusta que o matou! A vida, vitoriosa, é agora, distribuída, em abundância para todos!
Ao foco de luz da Ressurreição, tudo toma outro colorido: a vergonha da cruz transforma-se em símbolo de vitória; a sepultura que era o túmulo da morte, estéril e sem perspectiva, abre-se fecunda em vida para sempre!
A Ressurreição é a transformação. Não só a Páscoa de Jesus Cristo é passagem-transformação: também a nossa! Sempre que houver passagem da doença para o bem-estar é a Páscoa-passagem do Ressuscitado entre nós. A transformação da injustiça em igualdade de condições para todos é a presença da Ressurreição. A passagem de condição de excluídos para a inclusão na participação de todos os bens é a Páscoa do povo acontecendo!
Ao mesmo tempo, como discípulos do Ressuscitado e seus missionários, nós recebemos a missão de apressar a Páscoa na ressurreição do povo!

O CALENDÁRIO LITÚRGICO PASCAL

1) A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na manhã da Quinta-feira Santa.

2) ) A Campanha da Fraternidade começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos.

3) A Semana Santa começa com o  relato da Paixão no Domingo de Ramos e termina com a Páscoa da Ressurreição.

4) O Tríduo Pascal começa com a celebração da Ceia do Senhor e termina com a Vigília  Pascal.

5) O Tempo Pascal começa com o Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor (12 de abril); o Tempo Pascal é celebrado durante 50 dias; encerra-se com as celebrações da Ascensão do Senhor (24 de maio) e da Solenidade de Pentecostes (31 de maio).

6) A Liturgia retoma, no dia 1º de junho, o Tempo Comum que se celebra até o 1º Domingo do Advento (29 de novembro).

Fonte: Pe. Augusto César Pereira
Local:São Paulo (SP)

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