RCC Tocantins
08/01/2008 - 00h00m

Significação do Batismo de Jesus

 
O batismo de João Batista era um batismo de arrependimento, ou seja, quem o recebia se reconhecia pecador diante de Deus. Portanto, Cristo não tinha necessidade de se fazer batizar. Como lembra a Carta aos Hebreus, Ele experimentou todas as nossas fraquezas, com exceção do pecado (Hb 4,15).

Entretanto, o batismo de Jesus no Jordão foi bem o símbolo de sua missão neste mundo. Com efeito, ele tomou sobre si todos os pecados humanos para que, pela sua morte, as faltas dos que nele cressem fossem remidas e, pela sua ressurreição, a vida fosse dada a todos os crentes. São Pedro ilustrou magnificamente esta realidade: Cristo “carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados” [Is 53,5] - (1Pd 2,24). Tal a significação do rito batismal a que o Verbo Encarnado se submeteu.

Há então uma relação profunda entre este fato e o batismo do cristão, tendo São Paulo assim se expressado: “Ou ignorais, porventura, que quantos fomos batizados em Cristo Jesus, fomos imersos à semelhança de sua morte? Fomos, pois sepultados juntamente com ele, por meio da imersão, à semelhança da morte, para que assim como Jesus Cristo ressuscitou dos mortos mediante a gloriosa potência do Pai, assim caminhemos nós também, numa nova vida” (Rm 6, 3-4).

O sacramento do batismo é a grande dádiva divina e faz do ser racional um vocacionado para difundir o Evangelho, participante que se torna do múnus profético e régio do Redentor. Recebe o Espírito Santo e se faz também participante da natureza divina (2 Pd 1,4), destinado a uma glória eterna. No momento da recepção do batismo outra maravilha se dá: o cristão se torna o templo vivo da Trindade Santa (1 Cor 3,16).

Adite-se que ocorre, outrossim, com o batizado a inserção em Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, embora sejam muitos, são contudo um só corpo; assim também Cristo. Porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um só corpo” (1 Cor 12,12).

Há deste modo um dinamismo cristiforme que tende à identificação com o divino modelo, como ocorreu com o Apóstolo: “E vivo já não eu, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Dá-se, realmente, um fenômeno vital.

A água batismal processa uma purificação íntima de tal forma que se realiza o que o Verbo de Deus asseverou: “Eu sou a videira e vós sois os ramos” (Jo 15,1). Circula no cristão a seiva divina. Incorporado a Cristo, está, implicitamente, também incorporado à Igreja: “Vós sois o Corpo de Cristo” (1 Cor 12,27).

Se os milhões de discípulos do Redentor espalhados por toda a terra vivessem em função de sua dignidade batismal, o mundo seria outro. Repensar a dignidade cristã é, assim, tarefa urgente em nossos dias. Ao invés de lamentar a escuridão cada seguidor de Jesus precisa ser “luz do mundo, sal da terra” como Ele preconizou Então, uma nova sociedade surgirá.

Há um aspecto social no sacramento do batismo que não pode ser olvidado. A graça específica por ele concedida é a energia espiritual para que o batizado seja, inquebrantavelmente, fiel a Deus durante todos os dias de sua existência terrena. Grande deve ser a gratidão daquele que possui tamanho tesouro.

Ser um escolhido entre milhões de criaturas racionais para receber dádiva de tanta valia, exige contínuos atos gratulatórios ao Todo-Poderoso. Isto supõe, outrossim, um apostolado sincero e esclarecido para conduzir às águas regeneradoras os que não conhecem o Redentor. Festejar o dia do batismo deveria ser uma praxe mais comum por parte do eleito do Altíssimo.

Esta comemoração, com efeito, sob ser um gesto de agradecimento, exerce uma função pedagógica de imensa repercussão pessoal, qual seja a conscientização da nobreza cristã. Adite-se que para o batizado a fórmula salvífica não é “Deus e nós”, nem “nós e Deus”, mas “Deus em nós e nós em Deus”. Esta, sim exprime a sina venturosa do seguidor de Cristo, unido de modo especial Àquele “no qual nos movemos, existimos e somos” (Atos 17,28).

A condição de batizado deve regular toda a vida do discípulo de Cristo em relação a Deus e ao próximo. A vida de batizados implica, de si, um abandono total e confiante ao Espírito Santo que opera a semelhança com Jesus Cristo.

O cristão, autêntico cristóforo, portador de Cristo, realmente tudo deve ver na ótica do Filho de Deus e dele cumpre seja sempre o testemunho vivo por toda parte. Trata-se de se edificar um mundo que, à imagem de Cristo, esteja direcionado para o louvor e a glória do Pai.

Para isto todo o ser do batizado se transforma na fisionomia reluzente do Filho de Deus, irradiando neste mundo esperança e paz.


Côn. José Geraldo Vidigal
Professor no Seminário de Marina – MG

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