RCC Tocantins
26/10/2007 - 00h00m

Santos ou deuses?

 

Dia 1° de novembro a Igreja Católica celebra o “Dia de Todos os Santos”. Os católicos gostam inclusive de fazer imagens de Cristo, da Virgem Maria, dos santos. E prestam culto público aos santos.

As famílias e as comunidades costumam honrar seus antepassados ilustres. Também as nações. Como sempre, podem acontecer exageros. Por isso a Igreja Católica, a partir do ano 993, começou a disciplinar o culto aos santos, exigindo o reconhecimento oficial da autoridade eclesiástica através do processo de beatificação e de canonização. A primeira canonização teria sido realizada pelo papa João XV, com a inscrição de Ulrico de Augsburgo no rol dos santos.

Atualmente alguns movimentos religiosos reagem com verdadeira fúria contra esta tradição católica. São conhecidos os “chutadores” e “quebradores” de santos (imagens). O motivo é que tais cristãos vêem no culto aos santos simplesmente idolatria. Isto é, atribui-se aos santos a honra que só a Deus é devida.

É célebre a frase do reformador Zwinglio: “Em quem o homem coloca sua confiança, este é seu Deus. Se tu pões tua confiança num santo, tu o converteste em Deus”.

É claro que só Deus é Deus. Mas quando a Mãe de Jesus, nas bodas de Caná, intercedeu em favor dos noivos, cujo vinho acabara, não parece que o poder de Jesus ou sua divindade foram arranhados. Ele fez seu primeiro milagre público, a pedido de Maria.

Nos santos nós buscamos primeiro a imitação, enquanto modelos de comunhão com o Mestre. Mesmo o grande movimento de reforma, liderado por Lutero, parece que não se opôs aos santos como modelos de vida cristã: “Devemos dar graças a Deus, que nos deu nos santos exemplos de sua graça; devemos fortalecer nossa fé segundo o modelo dos santos; devemos seguir seu exemplo” (Confessio Augustana, artigo 21).

Quanto às imagens, sempre se recorre ao Primeiro Testamento, onde os ídolos eram cultuados como deuses. Mas no primeiro dia da era cristã houve a novidade: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Permanecendo verdadeiro Deus, por amor a nós e para nossa salvação, fez-se verdadeiro homem. Podia ser visto, tocado, fotografado, pintado e morto. Pode ser representado de muitas maneiras. E Ele é Deus.

Para entender a devoção aos santos, deve-se entender que não é culto como a Deus, não é idolatria. Quando o namorado diz “eu te adoro, meu amor”, ele não pensa que a menina seja uma divindade. Por semelhança e analogia, ele exagera sua paixão, seu encanto, sua devoção. De modo similar, o culto aos santos. Deus é Deus, ninguém mais.

Na festa de todos os santos, queremos agradecer as graças que brilham neles. Queremos imitá-los na santidade, como modelos de fé e testemunhas do Evangelho. Recorremos a eles como intercessores junto a Deus, como Maria em Caná da Galiléia.

Todos os santos e santas de Deus, rogai por nós! 


Dom Sinésio Bohn

Bispo de Santa Cruz do Sul

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