RCC Tocantins
04/06/2007 - 15h57m

Bispos do Iraque condenam «ato horrível contra Deus e contra a Humanidade»

 
Os líderes da Igreja Católica caldéia, no Iraque, classificaram como um «ato horrível contra Deus e contra a Humanidade» o assassinato de um sacerdote da Igreja Católica de rito caldeu em Mossul (norte do Iraque) em frente à igreja do Espírito Santo, depois da celebração eucarística.

O Pe. Ragheed Ganni, de 34 anos, foi abatido a tiro frente à igreja do Espírito Santo, juntamente com três diáconos da comunidade caldeia, uma das mais antigas do mundo.

É com o “coração em luto e cheio de amargura” que a Igreja caldéia chora os seus “mártires”, refere uma Declaração conjunta do Patriarca e dos bispos caldeus, difundida pela Agência AsiaNews.

A condenação do Patriarca Emmanuel II Delly e dos outros prelados chegou poucas horas depois do assassínio. “Trata-se de um crime vergonhoso, rejeitado por toda e qualquer pessoa. Aqueles que o cometeram realizaram um ato horrível contra Deus e contra a Humanidade, contra os seus irmãos que eram cidadãos fiéis e pacíficos, para além de serem homens de religião que sempre ofereceram as suas orações e as suas súplicas a Deus Omnipotente para que trouxesse paz, segurança e estabilidade a todo o Iraque”, pode ler-se.

Os Bispos caldeus, reunidos nestes dias no seu Sínodo patriarcal, rezam pelos que foram mortos, recordando as perseguições dos cristãos iraquianos, a sua emigração forçada e o facto de estarem a ser pressionados paraa renegar a própria fé. Nesse sentido, pedem aos responsáveis do Iraque e às organizações internacionais para intervirem tomando as medidas necessárias "para pôr termo a estes atos criminosos”.

O Padre Regheed foi o primeiro padre católico a ser morto no Iraque desde 2003. No ano passado, em Mossul, tinha sido assassinado um clérigo sírio-ortodoxo, Pe. Paul Iskandar.

A perseguição contra os cristãos tem vindo a agravar-se nas últimas semanas e ainda esta sexta-feira tinha chegado a notícia da ocupação, por extremistas islâmicos, do Convento das Irmãs do Coração de Jesus, em Bagdad, que serve agora como base de operações para terroristas. (Com Rádio Vaticano)

A história da Igreja Caldéia

O Apóstolo Tomé, antes de seguir o seu caminho até à Índia, terá deixado na região dois discípulos, Mar Addai e Mar Mari. Da sua pregação nasceu uma Igreja que, nos primeiros séculos do cristianismo, demonstrou uma enorme vitalidade e se espalhou nas regiões que hoje são a Síria, o Irão e o Iraque.

Estas comunidades representam umas das mais antigas comunidades cristãs do Oriente, remontando ao século II. As suas raízes cristãs são testemunhadas por mosteiros e conventos nos séculos V e VI.

Esta Igreja, chamada Igreja Assíria do Oriente, obteve a autonomia no concílio de Markbata, em 492, com a possibilidade de eleger um Patriarca com o título de “Católico”.

O fulgor inicial foi-se desvanecendo e já no século XV confronta-se com uma grave crise, originada por uma sucessão hereditária de Patriarcas, como se de uma monarquia se tratasse. A reacção a este estado de coisas levou a que um grupo de Bispos Sírios se empenhasse na recuperação da tradição monástica oriental, elegendo o monge Yuhannan Sulaka como seu Patriarca e enviando-o a Roma para pedir o reconhecimento do Papa.

Foi assim que, em 1553, o Papa Júlio III nomeou o “Patriarca dos Caldeus” e deu origem, oficialmente, à Igreja Caldeia. Durante mais de 200 anos existiram tensões nesta zona entre as comunidades a favor ou contra o reconhecimento da universalidade da Igreja de Roma e a situação só estabilizou quando em 1830 o Papa Pio VIII nomeou o “Patriarca da Babilónia dos Caldeus” como chefe de todos os católicos caldeus.

A sede deste Patriarcado era Mosul, no norte do Iraque, e seria transferida para Bagdad em 1950, após a II Guerra Mundial.

O Rito caldeu

Um rito é um modo específico de adorar Deus no contexto de determinado povo, uma maneira particular e coerente de chegar até Deus.

O rito Caldeu é um dos 5 principais ritos do cristianismo oriental e desenvolveu-se entre os séculos IV e VII, antes da conquista árabe. A denominação de “caldeu” prevalece no Ocidente desde o séc. XVII, embora os habitantes da região prefiram a designação “siro-oriental”.

As celebrações conservam o uso do aramaico e possuem gestos, espaços e ritmos muito especiais, que remontam ao tempo dos primeiros apóstolos, em alguns casos. Escutar a Palavra de Deus, celebrar o mistério do Corpo e Sangue de Jesus e participar no banquete do pão e do vinho são as traves-mestras da celebração eucarística.

A Palavra é proclamada desde o “bema”, uma tribuna situada no meio da Igreja, como sinal de Jerusalém, centro do mundo, onde Jesus ensinou. Este simbolismo indica que o leitor ou o pregador mais não fazem do que transmitir a Palavra recebida do Senhor. A consagração eucarística, chamada “santificação” tem lugar no “santo dos santos”, símbolo do céu, e a comunhão desenrola-se no “gestroma”, um local entre a assembléia e o santuário, como sinal do paraíso.

Fonte: Agência Ecclesia

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