RCC Tocantins
02/08/2007 - 00h00m

Vocação dos discípulos-missionários

 
Agosto, para a Igreja no Brasil, é o mês dedicado às vocações; somos convidados a rezar especialmente nessa intenção e a promover as vocações sacerdotais, religiosas e laicais, tão necessárias à vida de nossas comunidades e à missão da Igreja.

A Conferência de Aparecida nos recorda que a vocação fundamental e primeira de todos os cristãos é a de sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo. Pelo Batismo, fomos chamados à fé em Deus por meio de Jesus Cristo e a sermos membros de sua Igreja. Esta é a vocação de todos, grande graça e dignidade, que enche nossa vida de alegria e lhe dá uma orientação nova. Não se pode dizer, pois, que só alguns foram chamados, enquanto os demais não teriam recebido nenhuma vocação. Cada cristão católico recebeu a vocação para ser discípulo e missionário de Jesus Cristo.

É bonito e inspirador pensar a vida cristã como “vocação” e isso significa que ela é bem mais que um conjunto de preceitos, doutrinas e obrigações morais. O cristão é chamado a estar com uma pessoa, com ninguém menos que Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem. Ser cristão é receber a grande “bênção” da salvação de Deus por meio de Jesus Cristo; é olhar para ele, acolher cada dia sua palavra e olhar para seu exemplo; é partilhar seu desejo de que se realize o reino de Deus neste mundo e no outro, que todos os seres humanos conheçam o amor misericordioso de Deus e recebam a salvação. Doutrinas, preceitos e deveres morais tomam novo sentido quando se passa a olhar a vida cristã desse modo.

Foi para isso, de fato, que Jesus chamou discípulos: para estarem em sua companhia e experimentarem a proximidade de Deus e a grandeza de seu amor. Como Mestre, instruiu-os na vontade de Deus e no caminho que leva para a vida plena; ele próprio, como Filho de Deus e irmão da humanidade, apresentou-se como “caminho, verdade e vida”, convidando os discípulos a seguirem seus passos, orientados por sua palavra. Depois enviou-os em missão, para chamarem outros discípulos e formarem comunidades congregadas em nome dele. Desde então, a Igreja nunca mais deixou de fazer o mesmo através da atividade missionária, da pregação do Evangelho e do testemunho de vida, congregando em comunidades de vida cristã aqueles que creram. E ainda hoje acontece o mesmo e queremos fazê-lo com renovada consciência e alegria.

Todos os cristãos são chamados à santidade, na união com Deus e em sintonia com seu desígnio de amor. Mas há também as vocações de especial consagração a Deus e à missão da Igreja. Na Igreja, comunidade dos discípulos-missionários, essas vocações específicas são dons especiais que Deus faz a pessoas para ajudarem os demais cristãos a viverem mais facilmente vocação de todos à santidade; essas vocações também estão orientadas para o serviço da Igreja, no seu conjunto, para que ela possa realizar no mundo a missão recebida de Cristo. As vocações são graças especiais feitas a pessoas para o serviço dos irmãos e a missão da Igreja

Assim, os ministros ordenados – bispos, padres e diáconos -, têm a missão de estarem à frente das comunidades, em nome de Jesus Cristo, Senhor e Pastor da Igreja. Eles estão encarregados de promover o anúncio da Palavra de Deus e de formar na fé e na vida cristã os demais discípulos de Jesus; com eles e para eles celebram os sacramentos da vida nova de Jesus ressuscitado e estimulam a todos na prática da fé, esperança e caridade e no testemunho da novidade do reino de Deus, já presente no mundo.

Os ministros ordenados são discípulos e missionários que receberam a vocação especial de serem servidores e guias dos seus irmãos na vida cristã e de estimular cada um a responder ao seu próprio chamado na Igreja. O bispo, como sucessor dos apóstolos, é pastor de toda a comunidade diocesana; com ele, os padres e diáconos são servidores das comunidades locais, dentro da diocese. Todos devem inspirar-se no exemplo deixado por Jesus, bom Pastor e Sumo Sacerdote da humanidade.

No mês de agosto, queremos agradecer a Deus a presença dos sacerdotes e diáconos em nossas comunidades e nos diversos serviços da Igreja. A eles devemos acolher sempre com fé e gratidão; embora sendo pessoas humanas como todas as demais, eles receberam da Igreja uma especial consagração e um encargo sagrado, para o bem do povo e para a glória de Deus. Por isso, todos devem rezar pelos ministros sagrados da Igreja, pedindo que Deus os santifique, inspire e fortifique na realização de sua missão.

A Igreja católica não pode ficar sem sacerdotes. A oração constante pelas vocações sacerdotais e a colaboração de toda a comunidade eclesial para a boa formação dos sacerdotes deve ser uma preocupação de cada católico e de todas as comunidades eclesiais. Isso significa atender à recomendação do próprio Jesus: “a messe é grande, mas os operários são poucos; pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9, 37-38).

Desejo congratular-me com todos os padres da Arquidiocese de São Paulo pela passagem do “Dia do Padre”, 4 de agosto, dia de São João Maria Vianney, o Cura de Ars. Peço que Deus os abençoe, fortifique e ilumine no exercício de sua missão e os recompense.


Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo


Fonte: CNBB


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