RCC Tocantins
31/08/2007 - 00h00m

Teologia de São Marcos

 

O tema central do evangelista Marcos é a divindade de Cristo. Daí a ênfase dada aos milagres operados pelo Mestre.

Há um eixo na estrutura do texto, a partir desta indagação de Jesus: “Quem é que eu sou? (8,28). Percebe-se então uma primeira etapa na qual a messianidade de Cristo não devia ser divulgada. Depois, os discípulos têm a imagem de um Messias terreno (8,29; 8,31-33). Finalmente compreendem qual a vera missão do Prometido das nações, cujo reino não era deste mundo. Ele devia morrer e ressuscitar (Lc 24,26). Após a vinda do Espírito Santo ficaram, definitivamente, abertos os olhos deles à plena realidade da pessoa divina de Cristo.

No cerne da narrativa de Marcos está, assim, o segredo messiânico (1,34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.30; 9,9). Hemelsoet explica que “o segredo messiânico não é um artifício literário de Marcos; tem as suas raízes no próprio acontecimento messiânico; sobre este o evangelho dá testemunho. Pode-se admitir, no entanto, que Marcos o tenha acentuado intencionalmente e de modo mais esquemático do que os demais evangelistas ... O segredo messiânico, portanto, não é apenas pedagogia em vistas dos ouvintes do Evangelho; é uma condição da revelação do Messias”. É que, como observa Léon-Dufour, “Jesus não reivindicou abertamente o título de Messias antes que sua morte houvesse demonstrado claramente o significado deste título”.

Marcos fixa a divindade de Cristo com passagens marcantes. A cena do paralítico de Cafarnaum é notável. Com maestria e vivacidade o que ocorreu é mostrado para destacar estes aspectos: “Jesus, vendo a fé que os animava, disse ao paralítico: “Meu filho, os teus pecados estão perdoados”. Assevera o evangelista que alguns mestres da lei, assim pensavam: “Quem pode perdoar os pecados, a não ser Deus? “Cristo faz então o milagre: “Para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados disse ao paralítico Eu te ordeno: Levanta-te, pega a tua padiola e vai para casa!” (2,1-12) Por que é Deus, Cristo expulsa os demônios: “Cala-te e sai deste homem”. O espírito impuro, sacudindo o homem com violência, deu um forte grito e saiu dele” (1,25-26). Jesus prediz sua Paixão e Ressurreição (8,31 ss) e o fim dos tempos (cap. 13). O fato da transfiguração (cap. 9) patenteia a divindade do Filho do Homem e em pleno Calvário ressoa a voz do centurião: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (15,39).

Deus e homem verdadeiro, Cristo, o Messias, é aquele que mostra uma nova ordem: “Quando ele ficou sozinho os doze, que estavam com ele, perguntaram-lhe o sentido das parábolas. Ele lhes respondeu: “A vós é revelado o mistério do Reino de Deus” (4,10). Este é um dos aspectos salientados pelo texto de Marcos: o Reino, que é escatológico e apocalíptico (cap. 13).

Após o estudo destas páginas admiráveis escritas por este evangelista, a fé do crente se robustece e ele passa a viver mais intensamente unido a Jesus, única esperança do homem.

Ler e meditar Marcos é imergir-se no que a cristologia tem de mais sublime.

Cônego Vidigal

 Professor no Seminário de Mariana - MG

Fonte: Catolicanet


LINK CURTO: https://rccto.org.br/r/l2

© 2012-2024. RCC-TO - Todos os direitos reservados.