RCC Tocantins
03/07/2007 - 00h00m

Surge uma nova espiritualidade

 
Realmente, entre os membros da Igreja, “o Espírito sopra onde quer” ( Jo 3, 8). Ele suscita na história, não só o conhecimento da pessoa de Jesus, mas desperta uma vida em abundância. A vida que vem do exemplo do Mestre é tão abundante, que os seus seguidores necessitam de um reordenamento periódico de suas inspirações. E sempre de acordo com as necessidades dos tempos. Quero mostrar como até os dias atuais houve três grandes correntes de espiritualidade. Uma nunca eliminou as outras. Apenas cada uma se tornou preponderante, enquanto as outras coexistiam.

A primeira corrente, que se avolumou nos primeiros séculos, foi a espiritualidade do martírio. Era considerada uma coroa de vitória. Em todos os países com presença cristã, apareceram homens e mulheres, que negociavam as suas práticas , mas quando se chegava aos pontos essenciais da fé, os assuntos se tornavam inegociáveis. E a atitude firme, não provocativa, desembocava num desenlace sanguinolento. O cristão se tornava testemunha da pessoa de Jesus, através desse batismo de sangue. Os irmãos na fé os exaltavam e apontavam como exemplos a serem desejados. Basta ver os Mártires da Igreja de Roma e de tantos outros lugares. Esse testemunho do martírio se prolongou pelos séculos, viajou pela Ásia, passou pela África, e aportou também ao Brasil.

Outra grande corrente de espiritualidade foi a da vida consagrada. É a “fuga do mundo” (1 Jo 2, 15), em busca da intimidade com Deus, na vida de contemplação. É a preocupação “pelo único necessário” (Lc 10, 42). Tornou-se a “melhor parte” da vida cristã . Chegou-se a tal empenho que qualquer cristão que quisesse ser seguidor de Cristo, deveria “abandonar o mundo”. Assim, milhões de homens e de mulheres se consagraram a Deus, e o continuarão fazendo, imitando o Cristo em oração.

Mas no século XXI se reforça uma outra espiritualidade – já presente em tempos anteriores – mas preponderante, progressivamente, nos dias atuais. É a vida missionária. Finalmente, sem abandonar minimamente os outros caminhos de perfeição, os católicos estão compreendendo que é preciso evangelizar, e que a Igreja toda (não só os Padres) devem anunciar Jesus, por palavras e exemplos. “Ide e fazei discípulos meus todos os povos”(Mt 28, 19) ressoa como o modo atual de alcançar a santificação. Está aí a Conferência de Aparecida para confirmá-lo. E você está envolvido neste novo tempo. “Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais os corações” (Hb 3, 7).

Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo de Uberaba
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