RCC Tocantins
23/04/2007 - 00h00m

Santo Agostinho, modelo de conversão para nossos tempos

 
Bento XVI apresentou na manhã deste domingo seu mestre teólogo, Agostinho de Hipona, como modelo de conversão para nossos tempos, ao visitar Pavia, onde se encontra o túmulo do santo.

O Papa centrou sua homilia --ao celebrar ao ar livre, nos Jardins Borromeus, nessa cidade italiana-- no bispo e doutor da Igreja (354-430), a quem Joseph Ratzinger dedicou sua tese doutoral.

Ante ao menos 20 mil fiéis, o bispo de Roma explicou que, «dado que Jesus, o Ressuscitado, vive também hoje», existe um caminho para segui-lo: «a conversão». «Mas, em que consiste? O que se deve fazer?», perguntou.

Bento XVI respondeu apresentando o caminho de conversão de Agostinho, ilustrando as três «conversões» que experimentou em sua vida, que, na realidade, constituem «uma grande e única conversão na busca do Rosto de Cristo e do caminho junto a Ele».

A primeira «conversão fundamental», explicou, «foi o caminho interior para com o cristianismo, para com o “sim” da fé e do Batismo», declarou em referência a esse fato decisivo na vida do santo, que segundo alguns historiadores aconteceu na Páscoa do ano 387.

Agostinho «sempre estava atormentado pela questão da verdade. Queria encontrar a verdade», seguiu declarando o Papa na homilia.

«Sempre havia acreditado -- às vezes mais vagamente, às vezes de maneira mais clara -- que Deus existe e que nos cuida. Mas a grande luta interior de seus anos de juventude consistiu em conhecer verdadeiramente este Deus e familiarizar-se com esse Jesus Cristo, até chegar a dizer-lhe “sim” com todas as suas conseqüências».

«Conta-nos -- indicou o sucessor de Pedro -- que, graças à filosofia platônica, havia aprendido e reconhecido que “no princípio existia a Palavra”, o “Logos”, a razão criadora. Mas a filosofia não lhe apresentava nenhum caminho para chegar até Ele; este “Logos” era distante e intangível».

«Só na fé da Igreja encontrou a segunda verdade essencial: a Palavra se fez carne. E deste modo nos toca e nós a tocamos».

A «segunda conversão» de Santo Agostinho aconteceu de seu batismo, em Hipona, África, quando havia fundado um pequeno mosteiro e foi consagrado sacerdote praticamente pela força, a pedido popular.

«O bonito sonho da vida contemplativa se desvanecia, a vida de Agostinho mudava fundamentalmente. Agora tinha de viver com Cristo para todos», evocou Bento XVI.

«Tinha de traduzir seus conhecimentos e seus sublimes pensamentos no pensamento e na linguagem das pessoas simples de sua cidade».

«A grande obra filosófica de toda uma vida, que havia sonhado, ficou sem ser escrita. Em seu lugar, deu-nos algo mais precioso: o Evangelho traduzido na linguagem da vida cotidiana».

«Esta foi a segunda conversão deste homem, que teve de realizar continuamente, lutando e sofrendo: pôr-se sempre ao serviço de todos; em todo momento, junto com Cristo, entregar a própria vida para que os demais possam encontrar nEle a verdadeira Vida», declarou.

Por último, a terceira conversão de Santo Agostinho aconteceu quando descobriu que «só se é verdadeiramente perfeito e que as palavras do Sermão da Montanha», as Bem-aventuranças, «só se realizam totalmente em uma pessoa: no próprio Jesus Cristo».

Descobriu que «toda a Igreja, todos nós, inclusive os apóstolos, temos de rezar cada dia: “perdoai-nos nossas faltas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”», escrevia Santo Agostinho.

«Havia aprendido um último nível de humildade, não só a humildade de introduzir seu grande pensamento na fé da Igreja, não só a humildade para traduzir seus grandes conhecimentos na simplicidade do anúncio, mas também a humildade para reconhecer que tanto ele como toda a Igreja peregrina necessitava continuamente da bondade misericordiosa de um Deus que perdoa».

«E nós -- acrescentava -- nos fazemos semelhantes a Cristo, o Perfeito, na medida maior possível quando nos convertemos, como Ele, em pessoas de misericórdia», indicou.

O Santo Padre concluiu implorando que o Senhor «dê a todos nós a conversão necessária e deste modo nos conduza para a verdadeira vida».

Fonte: ZENIT

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