RCC Tocantins
13/08/2007 - 00h00m

Para quê uma Semana da Família?

 
Muitas pessoas talvez perguntem: para que uma Semana da Família? Afinal, família vive-se o ano todo. É tão “natural” que não raro esquecemos o valor que ela representa para o ser humano. A convivência diária, com suas alegrias e tristezas, desencontros, discordâncias, risos e choros fazem o cotidiano familiar se tornar insignificante e não raro monótono. As pessoas com as quais convivemos no dia-a-dia: marido/esposa, filhos, eventualmente pais ou sogros e outros de tão próximos se tornam estranhos. Pensamos que os conhecemos porque nos acostumamos a vê-los ao nosso lado, mas até que ponto isto é uma verdade? As mudanças sociais e técnicas “repercutem no modo de ser e de viver da família brasileira e geram conseqüências como a deteriorização dos valores básicos da família que desintegra a comunhão familiar, eliminando a participação co-responsável de todos os seus membros...”. Por essa razão, não é preciso ser nem sociólogo, psicólogo ou entendido em relacionamentos familiares para constatarmos que família está perdendo seu valor e sua importância na sociedade.

O número de casais que se separam já nos primeiros anos de casados é assustador. Em nome de uma falsa liberdade desfazem-se os laços matrimoniais ou de convivência conjugal com mais facilidade do que o fariam com um objeto que não tem mais serventia. Os pais, até mesmo os mais responsáveis, enfrentam as situações mais inusitadas e se complicam na educação dos filhos. Querem acertar, mas num mundo em que a convivência e o diálogo não encontram mais lugar nem tempo, falta-lhes o discernimento necessário para impor limites e encontrar soluções criativas.

Os jovens por sua vez sentem-se inseguros quanto ao futuro. Como fazer as melhores escolhas, apostar na sua capacidade numa sociedade onde prevalece o individualismo e a competição desenfreada?

As crianças, cujos primeiros anos de vida ocupam, sem dúvida, posição relevante no quadro do comportamento humano, assimilam os valores e contravalores que os pais lhe oferecem e influem de maneira direta e poderosa na formação da personalidade. Sem querer polemizar, o que dizer de pais que delegam a educação dos filho a terceiros? E a influência cada vez maior dos meios de comunicação social? É preciso não esquecer que, atingida a idade adulta, a pessoa terá que enfrentar a luta pela vida, jogando com a bagagem trazida desde a infância.
Nossos idosos também sofrem o impacto das mudanças. O medo de parecer decadente, de ser reprovado, de se tornar descartável, de viver improdutivamente, da dificuldade em assimilar as transformações, os fazem presa fácil do estresse e da solidão.
“A humanidade passa pela família”, nos dizia nosso papa João Paulo II. Se a família vai se transformando, acompanhando o evoluir da humanidade e da própria natureza, também é verdade que ela continua a ser a “célula vital da sociedade”.

Por que uma Semana da Família? Para refletir sobre as grandes mudanças sociais que, cada vez mais, com maior velocidade continuam acontecendo; para retomar o rumo certo, acertar o passo, definir metas, despertar a consciência crítica, lembrando de que só à luz do Evangelho o ser humano encontra a plena realização no matrimônio e na família.

Adelmo e Noeli Cechin
Coordenadores da Pastoral Famíliar
da Diocese de Pelotas

Artigo publicado no Jornal Diário Popular online de 14.08.2006

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