RCC Tocantins
14/06/2007 - 00h00m

O documento da 5ª Conferência Latino-Americana

 
A 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho realizada em Aparecida-SP de 13 a 31 de maio último escreveu um documento que será novo passo no caminho da Igreja, especialmente desde o Concílio Ecumênico Vaticano II. Ela dá continuidade e, ao mesmo tempo, recapitula o caminho de fidelidade, renovação e evangelização da Igreja latino-americana a serviço de seus povos, que se expressou oportunamente nas anteriores Conferências Gerais do Episcopado no Rio de Janeiro em 1955; em Medellín, Colômbia, em 1968; em Puebla, México, em 1979; em Santo Domingo, em 1992.

A 5ª conferência tem a grande tarefa de guardar e alimentar a fé do povo de Deus e recordar também aos fiéis deste continente que, em virtude de seu batismo, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, ante os desafios e exigências, caracterizados pelo desconcerto generalizado que se propaga por novas turbulências sociais e políticas, pela difusão de uma cultura longínqua e hostil à tradição cristã, pela emergência de variadas ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, à sede de Deus que manifestam nossos povos.

A Igreja é chamada a repensar profundamente a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Não pode dobrar-se aos que somente vêem confusão, perigos e ameaças ou de quem pretende cobrir a variedade e complexidade de situações com capa de ideologismos gastos ou de agressões irresponsáveis. O Evangelho possui uma novidade arraigada em nossa história, desde o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que suscite discípulos e missionários. Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de vida nova com a luz e a força do Espírito.

Não se começa a ser cristão por decisão ética ou grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com Ele, uma orientação decisiva.

Ao início de seu pontificado, o Papa Bento XVI falou aos fiéis de todo o mundo que era hora de todos renovarem a esperança: “Não temais! Abri de par em par as portas a Cristo! Quem deixa entrar o Cristo, não perde nada, absolutamente nada do que faz na liberdade fiel, bela e grande. Somente com esta amizade se abrem as portas da vida. Somente com esta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Somente com esta amizade, experimentamos o que é belo e o que nos liberta. Não tenhais medo de Cristo! Ele não nos tira nada e nos dá tudo. Quem a ele se dá, recebe cem por um. Sim, abri as portas a Cristo e encontrareis a verdadeira vida”.

A Igreja participa das alegrias e esperanças, das penas e satisfações de seus filhos, quer caminhar a seu lado neste momento de tantos desafios para lhes infundir sempre esperança e consolo. Esta alegria não é sentimento artificialmente provocado, nem estado de ânimo passageiro, mas resultado de encontro pessoal, consciente, aberto a Cristo e se converteu para Ele, fazendo-se seu seguidor, discípulo. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado, podemos e queremos contemplar o mundo, a história de nossos povos e de cada uma de suas pessoas.

Muitas vozes vindas de todo Continente, através das consultas prévias, de delegados, peritos, observadores de cada país, ofereceram dados e sugestões para o tema tratado na 5ª Conferência, colaborando para indicar caminhos para viver mais intensamente nossa vocação e missão da Igreja, enriquecendo o trabalho teológico e pastoral, motivando-nos a assumir nossas responsabilidades ante as situações concretas de nosso Continente.

Ao chegar às mãos de nossos fiéis, em nossas comunidades, este Documento intensificará o estudo, a aplicação de métodos, com a busca imprescindível da Palavra de Deus, a pertença à comunidade eclesial, a vivência cada vez mais intensa da caridade, da misericórdia, da solidariedade, do perdão, o cuidado e presença junto aos que mais sofrem na pobreza, no abandono, na discriminação, na falta de respeito à dignidade humana de cada um.

Dom Geraldo Majella Agnelo
Arcebispo de Salvador (BA)


Fonte: CNBB

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