RCC Tocantins
29/11/2010 - 00h00m

Missão Pré-ENJ 2010 - Um pouco do que vivi no RJ

 

Ser missionário é atender ao chamado do Mestre que nos envia em missão. E quando somos impulsionados a anunciar o Evangelho a todas as criaturas e em diversos lugares, somos às vezes tentados a voltar atrás e desistir. Pois, o nosso humano quer nos fazer desanimar... Mas, quando o divino aparece, o humano silencia.

 

 

Ainda estou saboreando na alma as maravilhas da maior missão que já fiz nos meus 13 anos de vida missionária. Estivemos em missão na cidade que muitos chamam de “maravilhosa”, o Rio de Janeiro, entre os dias 07 e 14 de novembro. Prefiro não comentar o porquê de cidade maravilhosa. Durante a o artigo, você poderá tirar sua própria conclusão se esta cidade é ou não uma cidade maravilhosa.

 

 

Chegamos ao Rio de Janeiro no domingo dia 07, pela manhã e seguimos direto para a Associação Nossa Senhora de Guadalupe, sede da RCC do Rio de Janeiro. Lá, passamos o dia inteiro em formação com 33 missionários de várias regiões do Brasil; É importante ressaltar aqui que o Tocantins foi o estado de maior representação. Conosco estava também o Conselho Nacional do Ministério Jovem e encerrando no final do dia, a Santa Missa de envio foi celebrada pelo diretor nacional da RCC, Padre Alex, de Santa Catarina.

 

 

Em seguida fomos apresentados aos coordenadores dos grupos de orações do Rio de Janeiro, que nos levariam para suas comunidades e grupos de oração, aonde em duplas passaríamos toda a semana evangelizando a comunidade indicada. Para mim, a primeira dificuldade foi ter que me separar dos missionários do Tocantins. No entanto, estava ali para evangelizar e não poderia escolher os irmãos que iriam comigo.

 

 

Fui juntamente com um missionário do Espírito Santo, chamado Alex, na companhia do coordenador do grupo de oração “Luz do céu”, para a comunidade chamada de “Campinho” ou “Casca dura”, na região suburbana do Rio. O mesmo nos apresentou ao Padre da paróquia que nos deu sua benção e toda liberdade para o anúncio do evangelho. Em seguida, fomos conhecer a comunidade na presença do coordenador Luciano. A intenção dele era mostrar para os moradores que havia novatos na comunidade e que éramos da paz.

 

 

Aquela comunidade fica num morro e muitos chamam de “Morro do fubá”. Quem domina a comunidade é a chamada “MILÍCIA”, formada por ex-policias afastados por sérias infrações. Os moradores contam que, um dia, eles invadiram o morro e mataram a gangue do setor passando a controlar o morro. A partir daí, obrigaram os moradores a pagar uma taxa de 20 reais ao mês para eles e o morador que não cumprir com esse acordo é expulso da comunidade. Se o morador se recusar a pagar, é eliminado. Nesse morro tem quase dez mil habitantes. Faça as contas para ver quanto dá esse valor por mês. Tive a oportunidade de ver eles reunidos numa pracinha tomando cerveja e ouvindo música nos seus carrões de luxo.

 

 

Novato não pode circular no morro sem presença de algum morador. É por isso que só fazíamos visita se alguém da comunidade nos acompanhasse. Pude observar naquele povo, pobreza material e espiritual, carência afetiva, revoltas, ódio, pois quando nós dávamos bom dia, eles não respondiam. No decorrer da semana com as visitas percebemos que aquele povo vivia sem esperança e precisava ser reconquistado, digo que até mesmo precisavam voltar a crer em Deus. Toda casa que entramos anunciamos o amor de Deus e como era bom no final da oração os ouvir falando com muitas lágrimas no rosto, que voltaram a sentir esperança e vontade de viver, pois pensavam que Deus os tinha esquecido.

 

 

Eu entrei naquela missão como se fosse a última da minha vida. Dei o meu tudo e vi grandes milagres de Deus! Em cada casa que entrávamos era plantada a semente do amor incondicional de Deus, que fazia aquele povo voltar a desejar uma vida nova. Anunciamos também a palavra de Deus, nas ruas, colégios, faculdades, grupos de orações e outros.

 

 

Particularmente, uma experiência muito linda tivemos na terça feira dia 09, quando fomos levados para outra comunidade - a mesma em que estavam os meus irmãos do Tocantins; Léo, Jordano e Bekão. Muitos chamam de favela, mas é proibido usar este nome lá. O nome correto lá é “comunidade”, pois os moradores não querem ser chamados de favelados e eu concordo com eles, pois precisam ser vistos com um olhar especial, não menosprezados, mas porque precisam e muito do socorro de Deus.

 

 

Nesta comunidade não é permitida a entrada de estranhos e só entramos com a companhia do motorista do Padre, da Paróquia Sagrada família, onde ficamos hospedados com os outros missionários. Fomos acolhidos pelo Pároco, um homem muito abençoado e ousado. Na mesma noite que chegamos tinha missa na capela de Santa Faustina, o mesmo nos convidou a participar e falou que após a missa iríamos fazer uma procissão pelas ruas da comunidade.

 

 

E imagine o que esse padre fez, colocou JESUS no ostensório e saímos em procissão pelas ruas, providenciou um carro de som e sabe quem assumiu a animação? Israel e Bekão! Daí você pode imaginar o estilo dessa caminhada! Muita oração, profecias, loucuras, curas e libertações. Os próprios moradores afirmaram que jamais havia acontecido algo tão maravilhoso nas ruas daquela comunidade como aquela procissão. Lembro que quando passávamos em frente às bocas de fumo estendíamos as mãos e orávamos por aqueles homens com metralhadoras nas mãos.

 

 

Outra visita maravilhosa aconteceu na penitenciária onde ficam os menores infratores. Quem esteve lá foi o Léo e o Bekão. Eu não estava com eles, mas imagino o poder de Deus naquele lugar. Pelos comentários foi algo espetacular, pois houve pregações, oração e muita música de louvor! Os alicerces do cárcere tremeram! Ô glória!

 

 

Talvez você que está lendo esse artigo queira saber mais detalhes da realidade daquele povo e do que aconteceu durante essa missão que marcou a nossa vida para sempre. Não se preocupe porque muito em breve estará disponível um caderno com todos os detalhes, desde a hora que chegamos ao Rio de Janeiro até a nossa volta; detalhes da visita que fizemos na casa do chefe do tráfico, de crianças armadas com metralhadoras, de pessoas que vendem cocaína nas esquinas como se vende bolos (são as chamadas “bocas de fumo”). Este material já está sendo preparado. Vocês não imaginam o que Deus está guardando para este caderno. Repito, Deus fez grandes milagres durante aquela semana e quando você ler esse caderno, verá que precisa ser mais fiel a Deus.

 

 

A situação era tão difícil que às vezes imaginava: será se um dia eu irei ver novamente a minha esposa e a minha filha? Será se verei ainda a minha terra? Estávamos naquela missão por amor a Cristo e toda nossa confiança era nEle, pois tínhamos consciência que poderíamos morrer a qualquer instante, principalmente por bala perdida ou por qualquer pessoa armada que sempre nos encontrávamos pela frente nos momentos da evangelização.

 

 

Na sexta feira dia 12, encerramos a missão nas favelas e nos unimos aos cinco mil jovens que estavam no ginásio do Maracanãzinho, onde aconteceu o ENJ (Encontro Nacional da Juventude). Foi um marco histórico na vida da juventude desse país. A partir desse encontro assumimos nossa verdadeira identidade de SENTINELAS DA MANHÃ. A unção de Deus tocou profunda aquela juventude aberta aos carismas do Espírito Santo.

 

 

 

Deus abençoe a todos.

 

 

ISRAEL DE FREITAS SILVA

 

Coord. Da RCC na Região Norte da Diocese de Tocantinóplis

 

Missionário da Missão Sacramento

 

Itaguatins, novembro de 2010

 

Santo Antonio de Pádua – Rogai Por Nós

 

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