RCC Tocantins
14/08/2007 - 00h00m

Assunção de Maria ao céu

 

A solenidade da Assunção de Maria ao céu é uma festa da vida em plenitude. Celebra-se o auge do mistério mariano: perfeita imagem da Igreja, primeira ressuscitada após Cristo, ela guia e sustenta a esperança do Povo de Deus ainda em caminho para a pátria definitiva. Mulher coroada de estrelas, é a figura acabada dos eleitos na glória do Reino. Nela se realizou inteiramente a grandeza do Amor que redime e salva.

O fato da Mãe e Rainha já estar na beatitude celeste de corpo e alma redunda em um novo benefício: ela está em total comunhão não somente com a Trindade Santa, mas, outrossim, com cada um de seus filhos e súditos aqui ainda neste mundo. Na sua condição de eternidade, consumada com uma admirável ressurreição, antecipada em virtude de sua maternidade divina, ela acompanha os batizados em seu itinerário de fé, esperança e caridade cotidianas.

Ela se apresenta diante de todos como um espelho de preclaras virtudes que são a garantia da vitória final do cristão. Oferece uma visão serena e uma palavra vibrante: o triunfo completo da expectativa da ventura suprema sobre a angústia, da comunhão dos santos sobre a solidão, assegurando a imperturbabilidade sobre o temor, a promessa da vida sobre a morte. Ela se apresenta como a mulher forte, a escolhida, já de posse da completa salvação oferecida pelo Redentor da humanidade. É a imagem viva do Corpo Místico transfigurado vivendo de maneira acabada a promessa pascal.

Na medida em que cada discípulo de Cristo tente a realizar sua configuração com o Mestre, enquanto caminha aqui em baixo, participa já da festa da culminância pessoal de sua união com o Ser Supremo. O verdadeiro epígono de Jesus está sempre em estado de assunção para os acontecimentos perenes na Casa do Pai. O destino de Maria é também o nosso fim último. Maria foi elevada de corpo e alma aos céus, última maravilha feita para ela da parte do Onipotente, mas que, um dia, se dará para todo aquele que percorrer este exílio terreno sempre voltado para a beatitude eterna.

A dileção para com o Todo-Poderoso e para com os irmãos, vivida na terra na economia sacramental, será transparente para o fiel que permitiu Deus agir sempre nele como aconteceu com Maria que sempre pôde refletir sua inteira disponibilidade em fazer a vontade do Criador. Deste modo, a Assunção de Maria longe de ser uma fuga para as regiões celestes é um apelo vibrante do engajamento de cada um no serviço de sua missão a ser cumprida no tempo.

Deste modo a releitura da espiritualidade mariana no cotidiano é força de energia evangélica e que faz ressoar as mensagens e apelos que esta festa leva a partilhar numa atitude corajosa de rompimento com o que é passageiro e transitório. Trata-se de uma opção inteligente de vivência na fé e na esperança, sabendo que esta nunca será decepcionada, fraudada.

O cristão vive em função da ressurreição final após a morte, dádiva do Pai em Cristo pelo Espírito Santo que tudo renova. A Assunção anuncia e prepara o happy end, o término feliz para aquele que, imitando a Maria, viveu intensamente tudo que Cristo ensinou. A terra enviou ao céu um preciosíssimo presente: Maria, cuja assunção é o cume de sua Conceição Imaculada e do fato de ser ela a Mãe de Deus.

 Elevada aos céus ela une ainda mais os homens a Deus, a terra ao paraíso, a condição humilde dos homens a uma elevação suprema. O fruto sublime da terra foi elevado para lá onde jorram todos os excelentes dons, dons perfeitos, e já na glória eterna ela exerce ainda mais intensamente seu papel de Mediadora de todas as graças. Na casa da Madona celeste, esplendoroso palácio no qual ela aguarda o seu devoto, lá, somente lá, deve habitar o pensamento do cristão. Seja o alvo de seus esforços alcançá-lo com galhardia. Então, sim, a expectativa da vitória será para cada filho da Rainha celeste um penhor do afastamento das ilusões da terra e, em conseqüência, arras daquela alegria que será a partilha de todos aqueles que ouvem a mensagem da Virgem Assunta aos céus.

Mas para que as ondas do mal não apaguem o apelo de Maria, cumpre se viva sob a proteção desta Soberana, para que presida todas as resoluções, para que penetre todos os intentos. Assim, o fiel não se deixará arrastar no turbilhão voraz das paixões desregradas e estará rumando para a pátria verdadeira. Olhos voltados para a Virgem, caminhe cada um sem se deixar prender a esta terra de exílio, porque Maria subiu aos céus, tornando-se um grande sinal da ressurreição futura também para, no entardecer da jornada, receber seus filhos para os gozos eternos que Cristo lhes mereceu.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Professor no Seminário de Mariana – MG

Fonte: Catolicanet

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