RCC Tocantins
23/04/2007 - 00h00m

A rede da libertação

 
Sempre me perguntei o sentido dos 153 grandes peixes que os apóstolos pescaram obedecendo às palavras de Jesus, lá no mar de Tiberíades. Será que eles contaram direito? Ou chutaram? Alguém falou: ”Devem ser, mais ou menos...153”. E assim ficou, para sempre. Haja interpretações!

A resposta talvez seja simples: foi escolhido um número simbólico, um número grande. Pode ser interpretado como todos. Ninguém ficou fora, todos os peixes foram “pescados”. Se lembrarmos que Jesus chamou os apóstolos para serem “pescadores de homens”, o número de 153, tão preciso e tão misterioso, pode querer dizer que ninguém escapa da rede de Jesus. Que é como repetir que ninguém fica fora do amor dele. Somente quem não quer.

Em épocas de tantas redes e redes de todo jeito, como anda a rede de Jesus?

Hoje há rede de computadores, com a senhora rede da Internet. Redes de supermercados, redes de lojas e de hotéis. Redes de internautas e até de comunidades. Redes de amizades e redes de influência.

Há redes de traficantes, de droga e de órgãos humanos; redes nacionais e internacionais. Rede do terrorismo e a rede da corrupção.

Há também a rede para dormir, que é uma bênção para os cansados e os preguiçosos.

Algumas das redes vivem cheias, outras engarrafadas, outras arriscando a vida e ameaçando a de outros; outras enroladas, na espera do dorminhoco.

Em qual das redes estamos nos balançando? Em alguma rede nós também estamos sendo pescados ou estamos nos deixando pescar. Talvez nem estejamos percebendo, mas a nossa vida vai passando e a rede está sendo arrastada.

Vamos entrar na rede certa, até quando estamos em tempo. É a rede de Jesus.

Apesar de tantos peixes, a bendita rede não se rompeu; a rede do Senhor está segura. Quem está disposto a deixar-se pescar por Ele antes de ser pescado por outros?

A rede de Jesus nos “prende” para nos libertar de outras redes perigosas. As outras apertam cada vez mais, escravizam; a rede de Jesus transforma a nossa vida, abre horizontes infinitos. S. Paulo diz que queria “conquistar” o Senhor porque já havia sido “conquistado” por Ele (Fil 3,12).

Sempre, de novo, a rede é lançada; pode pegar muitos ou poucos, pode voltar cheia ou vazia. Os apóstolos já experimentaram a frustração e o desânimo. Mas quando Jesus manda jogar a rede, esta nunca mais volta vazia. Pelo contrário, enche de peixes.

Parece que hoje estejam faltando pescadores e peixes. Mas talvez seja o contrário: têm demais pescadores e os peixes ficam confundidos, não sabem mais por quem deixar-se pescar. Como descobrir a verdadeira rede de Jesus, a rede da libertação e não da escravidão, a rede da vida e não da morte? Esta é a nossa dificuldade, a nossa dúvida. Mas talvez não seja tão difícil: basta olhar quem já se deixou pescar por Ele e se está feliz. Talvez nunca se viu um peixe satisfeito por acabar na frigideira, mas com Jesus, ser pescados por Ele é a vida em plenitude, a vida que venceu a morte. Quem entendeu isto, vai ser muito, muito, feliz.


Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá(AP)

Fonte: CNBB

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