RCC Tocantins
03/07/2007 - 00h00m

A liberdade encontra seu sentido no amor

 
As leituras bíblicas da missa deste domingo convidam-nos a meditar em um tema fascinante, que se pode resumir assim: liberdade e seguimento de Cristo. O evangelista Lucas narra que «quando estava por completar-se o tempo de sua elevação ao céu, Jesus se encaminhou decididamente para Jerusalém» (Lucas 9, 51). Na expressão «decididamente» podemos entrever a liberdade de Cristo. Ele sabe que em Jerusalém lhe espera a morte na cruz, mas obedecendo à vontade do Pai se oferece por amor.

Nesta obediência ao Pai Jesus realiza sua própria liberdade, opção motivada conscientemente pelo amor. Quem pode ser mais livre que Ele, que é onipotente? Ele não viveu sua liberdade como arbítrio ou domínio. Viveu-a como serviço. Deste modo, «encheu» de conteúdo a liberdade, que de outro modo se teria convertido em uma possibilidade «vazia» de fazer ou de não fazer algo.

Como a vida do homem, a liberdade encontra seu sentido no amor. Quem é o mais livre? Quem se poupa todas as possibilidades por medo de perdê-las ou quem se entrega “decididamente” ao serviço e deste modo se descobre cheio de vida pelo amor que entregou e recebeu?

O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da Galácia, na atual Turquia, diz: «Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros» (Gálatas 5, 13).

Viver segundo a carne significa a tendência egoísta da natureza humana. Viver segundo o Espírito, pelo contrário, é deixar que as intenções e obras sejam guiadas pelo amor de Deus, que Cristo nos deu.

A liberdade cristã, portanto, não é arbítrio; é seguimento de Cristo no dom de si até o sacrifício da cruz. Pode parecer um paradoxo, mas o Senhor viveu o cume da liberdade na cruz, como cume do amor. Quando no Calvário lhe gritavam: «Se és o Filho de Deus, desce da cruz!», ele demonstrou sua liberdade de Filho ficando precisamente nesse patíbulo para cumprir até o fim a vontade misericordiosa do Pai.

Esta experiência foi compartilhada por outros muitos testemunhos da verdade: homens e mulheres que demonstraram ser livres inclusive na cela de um cárcere ou sob as ameaças da tortura. «A verdade vos fará livres». Quem pertence à verdade nunca será escravo de nenhum poder, mas saberá sempre se fazer livremente servo dos irmãos.

Contemplamos Maria Santíssima, humilde escrava do Senhor, a Virgem é modelo de pessoa espiritual, plenamente livre, pois é imaculada, imune ao pecado e totalmente santa, entregue ao serviço de Deus e do próximo. Que com sua materna atenção nos ajude a seguir a Jesus para conhecer a verdade e viver a liberdade no amor.

Papa Bento XVI

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