RCC Tocantins
10/05/2007 - 00h00m

A anticoncepção é pecado? - parte III

 
O que a anticoncepção tem de mal?

Nunca se pode determinar a moralidade com números nem com pesquisas de opinião. Porém, visto que hoje em dia existe uma grande confusão sobre o pecado, a sexualidade e o abuso da mesma, e porque vivemos numa cultura que aceita o aborto, a esterilização e a anticoncepção, devemos tratar de explicar o porquê da anticoncepção ser um mal grave. O Papa João Paulo II escreveu extensamente sobre este tema.
O verdadeiro amor requer o dom de si mesmo. Antes que alguém possa dar este presente para a pessoa amada, primeiro deve ser dono de si mesmo incluindo as paixões, desejos e emoções. A luxúria implica que estamos decididos a obter o que desejamos a todo custo. Porém, o amor significa que podemos expressar nossa paixão sexual no casamento (e somente dentro dele) buscando uma união com a pessoa amada, honrando-a e desejando seu bem até chegar a dar sua própria vida por ela, se necessário for.
A mentalidade anticonceptiva é pecaminosa por muitos motivos. É um grave mal com conseqüências desastrosas. Quebra a conexão intrínseca entre as dimensões unitiva e procriadora do ato conjugal. Considera erroneamente que o período de abstinência necessário ao planejamento natural da família danifica o casamento e que o ato sexual por puro instinto é virtuoso. Considera o auto-sacrifício uma moléstia e eleva a busca do prazer ao nível da principal finalidade do casamento, depreciando a autodisciplina e o sacrifício. Reduz a pessoa amada a um objeto, a uma fonte sempre disponível para o prazer e considera a fertilidade como uma espécie enfermidade. Abusa da medicina e da profissão médica. Leva diretamente ao aborto; de fato, como temos notado, muitos anticonceptivos; como por exemplo, a pílula, o Norplant, o dispositivo intrauterino (DIU ou IUD) e a Depo-provera, causam abortos no início da gravidez.
A anticoncepção diz a Deus: "Não és o Senhor da Vida no nosso casamento nem colaboraremos Contigo para trazer novas vidas para Teu Reino". É um exemplo terrível para os jovens, os quais logicamente perguntam por que eles não podem gozar de uma vida sexual estéril, já que os adultos o fazem. Dá legitimidade para outros atos sexuais estéreis, como os atos homossexuais e outras perversões. A anticoncepção é na verdade um ataque ao casamento e à família que leva a toda uma sociedade à corrupção.

Como viver castamente?

É possível viver sem os anticoncepcionais? Sim! Nunca ninguém morreu por falta de relações sexuais. Se os solteiros, e há milhões deles no mundo, podem praticar a abstinência total, os casados certamente podem praticar a abstinência periódica.
Alguns argumentam que o planejamento natural da família é muito difícil de seguir e que destrói a espontaneidade. Isto não é certo. Usar anticoncepcionais não é, digamos, muito espontâneo. De todo modo, os seres humanos não são animais brutos, governados por instintos baixos. A razão, o amor, o raciocínio e o controle devem caracterizar a relação marido-mulher. É verdade que o planejamento natural da família não é fácil, porém o sacrifício e a disciplina que requerem são ganhos que valem a pena. Longe de destruir o amor e o prazer, a capacidade de se abster gera generosidade e certamente faz o casamento melhor. Sem auto-disciplina e controle de si mesmo, não pode haver doação de si mesmo. Ao contrário, a anticoncepção promove a falta de controle e as relações sexuais compulsivas. O ato sexual se torna uma rotina. A mulher se sente usada e o homem se aborrece.
A verdadeira liberdade cristã consiste na capacidade de controlar os impulsos e fazer o que de verdade é bom para si mesmo e para os demais. Jesus disse que se seguirmos seus mandamentos, conheceremos a verdade e que a verdade nos faria livres (cf. João 8, 31-32).
Algumas pessoas se queixam de que os jovens não podem ser castos e que é inútil dizer-lhes que se abstenham. Esta opinião equivocada não lhes faz justiça ao idealismo e à bondade básica da juventude. Quando têm experiências sexuais fora do casamento, os jovens (e outras pessoas também) sabem que estão usando a outros e que eles mesmos estão sendo usados. Além disso, Deus não nos dá um mandamento sem dar-nos ao mesmo tempo a força para cumpri-lo. "Seus mandamentos não são pesados, porque todo aquele que nasce de Deus conquista o mundo" (1Jo 5, 3-4).
O primeiro passo para viver uma vida cristã é aceitar Jesus como nosso Senhor e Salvador, entregando a Ele a soberania de todos os aspectos de nossas vidas. Necessitamos dar vida a nosso compromisso com Jesus. Necessitamos adotar meios práticos para assegurar nosso crescimento em Cristo. O primeiro é levar uma vida espiritual profunda e gozosa. Isto inclui a oração diária e os Sacramentos, especialmente a Confissão e a Eucaristia. Necessitamos chegar a conhecer o Senhor de uma maneira pessoal. Se não o fizermos, seremos demasiado fracos para resistir à tentação e às pressões do mundo.

A segunda maneira de crescer em Cristo é por meio do conhecimento da Palavra de Deus. Como podemos decidir o que fazer se não conhecemos o que Deus nos disse?

Necessitamos ler a Bíblia todos os dias, especialmente os Evangelhos. Também necessitamos ler, antes de tudo, os ensinamentos da Igreja, assim como bons livros católicos, as vidas dos santos, etc., para nos instruir e inspirar. Se formos ignorantes, o mundo nos confundirá com suas mentiras e enganos.
A terceira maneira é por meio da comunidade cristã. Não podemos viver uma vida cristã nós sozinhos. O mundo é muito grande para nós. Há muitas pressões de outras pessoas e muitas vozes equivocadas. Necessitamos do apoio e da orientação de nossos irmãos e irmãs. Necessitamos construir relações fortes, saudáveis, inocentes e autenticamente cristãs para contradizer a visão distorcida da sexualidade que tem a sociedade.
Por último, a maneira para crescer em Cristo é precisamente por meio do serviço cristão, a escola de amor que nos converte em pessoas maduras que sabem como dar e receber.
A disciplina e o amor de Jesus nos darão as forças para viver castamente; não nos será muito difícil. Aprenderemos que a abstinência antes do casamento é de fato a única maneira real de construir um futuro feliz para nossa vida sexual no casamento.


Por Padre Matthew Habiger OSB, Ph.D.

O Padre Matthew Habiger, OSB, PhD, foi presidente da Human Life International (HLI). Atualmente é membro da Junta Diretora da HLI e está encarregado de dirigir o trabalho desta organização na Ásia e na África.
Human Life International é a maior organização católica do mundo dedicada a defesa da vida humana e da família, com mais de 80 escritórios em 5 continentes. Dirija-se (em inglês) a : Human Life International (HLI), 4 Family Life Lane, Front Royal, Virginia 22630-6453 USA. Tel. (540) 635-7884. Fax: (540) 636-7363. Email: hli@hli.org Página web www.hli.org

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